- Maldito sejas céu infernal! Não podias ficar limpo, só para mim?
Mas o céu não respondeu. O céu era um maldito sacrista, certamente.
Resignado ao seu fado, Robalo colocou o capuz sobre a cabeça, e começou as primeiras passadas em direção a casa. Á casa dele - que não era da velha, apesar do o ser. O homem resmungão passou pelas lojas que conhecia apenas de vista, passou pelos apartamentos, até que chegou ao campo ermo que tinha que atravessar, porque era o caminho que ele conhecia, e não ia tomar outro. o campo ermo estava lamacento.
Robalo ergueu o punho sobre a terra e rugiu:
- Maldita sejas Terra infernal! Não podias ficar enxuta? Os meus sapatos são bons!
Enfim, Robalo, que nunca mudava o seu trajeto, teve que calcar as suas solas benditas sobre a terra macia, sujando os sapatos. Deu mais um paço, e o pé afundou-se na terra, até que Robalo sentiu o fundo do pé a bater nalguma coisa dura.
De súbito, a coisa dura levantou-se, e fez com tal força que o pobre Robalo caiu de cu na lama. Robalo ergueu o punho para nada e rugiu:
- Maldita sejas coisa, que me atirastes para a lama. O meu cu não é o teu brinquedo!
A coisa então saiu da Terra, e Robalo estremeceu quando olhou para ela. A coisa era uma cabeça de cobra, mas de uma cobra muito grande. A cabeça da cobra era tão grande quanto a cabeça de um cavalo!
Os olhos da cobra começaram a mexer, e fixaram-se sobre o Robalo. A cobra então, sorriu.
- Bom dia! - disse a cobra - E quem é o senhor que me deu um pontapé na minha cachola?
Robalo levantou-se logo, e virou as costas para poder fugir. Porém, isso não aconteceu, pois a terra estremeceu, deitando o homem de volta para a terra. Robalo fez mais uma tentativa de se levantar, erguendo-se sobre as duas mãos. mas já por essa altura, a coisa tinha-se libertado.
A coisa saltou sobre o Robalo, deitando-o outra vez abaixo, desta vez enfiando o seu rosto dentro da lama. Robalo sentiu uma mão forte a agarrar-lhe pelo braço, e atirando-o contra um velho contentor de lixo. Robalo guinchou de dor, e olhou para o ser que o atacou.
Era algo que Robalo nunca tinha visto antes: um ser quimérico. Parte da coisa tinha a cabeça e pescoço de uma cobra, mas o corpo era de um urso; os braços deveriam estar no corpo de um gorila. As pernas traseiras da criatura eram semelhantes às pernas de um galo lutador. A cauda da coisa era a cauda de um crocodilo. A criatura em si tinha o a corpulência de um rinoceronte, mas era mais comprido.
O sorriso da criatura ficou mais malévola.
- Eu sou o Ladrador. E tu és o meu almoço.
Robalo então gritou a plenos pulmões.
Sem comentários:
Enviar um comentário